terça-feira, 3 de janeiro de 2012

no melhor da calçada cai a tinta

ao terceiro dia regressava-se à escola. e era como agora. os novos alunos eram como contratações de inverno, transferidos quase sempre de outras terras mas por vezes da turma mesmo ao lado. havia também os colegas que, como a jerónimo martins, partiam para os colégios onde (dizia-se) era mais fácil passar e ter boas notas. o que para alguns se tornara uma necessidade e para os outros era resposta ao querer mais e mais e mais e mais ainda. autocensurou-se: nem tudo é a preto e branco. e com isso recordou uma das artes de então. esfregava-se o papel cavalinho com cera, cobria-se tudo com tinta da china e raspava-se na imagem negra o desenho pretendido. a venda da edp?... continuou nas parábolas e ficou a pensar nas partes desses desenhos que não eram raspadas, tudo o que podia ser descoberto se se continuasse a raspar. mas aí o desenho deixava de ser desenho, não é? talvez por isso só se mostrasse um pouco do que lá havia e nunca saberíamos se essa cobertura pesada e silenciosa escondia mais do que o que se pensava lá estar e mesmo do que lá estava... sorriu. sempre aproveitou esses desenhos para escrever o que não podia dizer.

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